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Policiais penais do Ceará negam tortura e dizem que detentos foram machucados em rebelião

Defensoria Pública denuncia casos de tortura contra presos. Documento revela escoriações nas mãos, pernas, na região da virilha, testículos, abdômen e ombro de detentos. Diretoria de um presídio foi afastada.

Policiais penais que atuam em presídios no Ceará negaram, nesta quinta-feira (6), que praticaram tortura contra presos, como denuncia da Defensoria Pública do Ceará, e afirmaram que os detentos foram machucados durante uma rebelião. Nos meses de junho e julho, familiares de detentos denunciaram que presos receberam tortura frequentes.

A rebelião ocorreu em 18 de março, e as imagens foram divulgadas apenas nesta quinta-feira, como parte da defesa dos policiais penais para negar casos de tortura.

As denúncias de torturas foram feitas na Unidade Prisional Agente Elias Alves da Silva (UP Itaitinga IV) e na Unidade Prisional Professor Olavo Oliveira II (IPPO II), ambas na Região Metropolitana de Fortaleza.

Nas imagens obtidas pelo g1 detentos jogam chinelos contra agentes prisionais, que respondem tiros de bala de borracha. Em um trecho, um detento tenta arrancar a arma do agente, mas tira apenas a bandoleira. Em outro momento, pelo menos cinco presos tentam tirar a arma de um agente.

Conforme a defesa dos agentes denunciados por tortura contra os presos, um detento alega que sofreu ferimentos grave no testículo foi ferido por um projétil de borracha, e não por tortura.

Os presos foram machucados durante uma rebelião no presídio, segundo depoimentos de agentes penitenciários.  — Foto: Reprodução/TV Verdes Mares

Os presos foram machucados durante uma rebelião no presídio, segundo depoimentos de agentes penitenciários. — Foto: Reprodução/TV Verdes Mares

Uma nova denúncia feita pelo Defensoria Pública do Estado do Ceará (DPCE), em uma das situações de violência, mostram os internos sendo obrigados a se equilibrar com a cabeça no chão em sessões de tortura.

Também há relatos de que os presos recebem escoriações nas mãos, pernas, na região da virilha, no abdômen, além de dentes arrancados e golpes nas partes íntimas. Um dos detentos chegou a ser internado no Instituto Doutor José Frota (IJF), em Fortaleza, por conta das agressões sofridas na unidade prisional.

Afastamento de diretor

Em junho, a Justiça já havia determinado o afastamento temporário de toda a diretoria da Unidade Prisional. A determinação judicial foi emitida pela Corregedoria-Geral de Presídios da Capital, do Tribunal de Justiça do Ceará, após denúncias de violência e maus-tratos contra internos da unidade.

Foram afastados por 90 dias o diretor da UP-IV, o vice-diretor, o chefe de segurança e disciplina, o gerente administrativo da unidade e um policial penal citado em diversos depoimentos como um dos responsáveis pelos atos de tortura.

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Secretaria da Administração Penitenciária e Ressocialização (SAP), afirmou em nota que, “reafirma seu compromisso prático de valorização da pessoa humana em números transparentes e incontestáveis e informa que é colaboradora das instituições fiscalizadoras, como Poder Judiciário, Ministério Público, Defensoria Pública, além de entidades de controle social”.

A pasta afirmou ainda que além das instituições que fiscalizam, mantém uma ouvidoria própria, com reconhecimento nacional, vinculada a Ouvidoria do Governo do Estado do Ceará para qualquer tipo de reclamação e colabora de maneira célere e transparente junto à Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública (CGD).

Presos no Ceará passam por sessões de tortura que incluem dedos quebradas e ter ficar de cabeça para baixo, equilibrado apenas pela testa — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Presos no Ceará passam por sessões de tortura que incluem dedos quebradas e ter ficar de cabeça para baixo, equilibrado apenas pela testa — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Inspeções regulares nas unidades

Presos eram obrigados de cabeça para baixo, se equilibrando apenas com a testa, em sessão de torturas nas celas de presídios no Ceará — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Presos eram obrigados de cabeça para baixo, se equilibrando apenas com a testa, em sessão de torturas nas celas de presídios no Ceará — Foto: TV Verdes Mares/Reprodução

Já a Defensoria Pública afirmou que realiza dentro das unidades prisionais o atendimento jurídico dos internos, o acompanhamento processual, os atendimentos individuais e sempre que detecta alguma irregularidade, violação de direitos ou maus tratos reporta imediatamente aos poderes e órgãos competentes. O órgão reforça ainda que tem realizado inspeções regulares nas unidades cujos resultados são entregues em relatórios que têm caráter sigiloso por envolver a integridade de internos, familiares e policiais penais.

“Estes documentos são remetidos ao Poder Judiciário, à Corregedoria dos Presídios e Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e do Sistema de Medidas Socioeducativas (DMF), ao Ministério Público do Ceará e à Secretaria de Administração Prisional do Estado”, afirma.

Neles, de acordo com a Defensoria Pública, traz a situação das instalações físicas e salubridade, das condições de alimentação e os atendimentos regulares das equipes de apoio, além das possíveis violações de direitos e denúncias trazidas.

Agressões em outro presídio

Onze policiais penais foram investigados por torturar e quebrar dedos de detentos no IPPO II, no município de Itaitinga. Investigações da Controladoria Geral de Disciplina dos Órgãos de Segurança Pública e Sistema Penitenciário (CGD) apontaram que 72 detentos sofreram agressões leves ou graves.

Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) e Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) também participaram das investigações.

O promotor de Justiça Nelson Gesteira relatou em junho deste ano ao g1 que, durante as visitas à unidade prisional, foi constatado que havia vários detentos lesionados. Alguns de forma “preocupante, pois apresentavam marcas pelo corpo, pés e costas machucados pela ação da tonfa, uma espécie de cassetete”.

MP apura denúncia de que agentes penitenciários quebraram dedos de detentos no Ceará — Foto: Divulgação

MP apura denúncia de que agentes penitenciários quebraram dedos de detentos no Ceará — Foto: Divulgação

“Nessa ala, essa triagem onde tinha presos transferidos de outras unidades, nós detectamos essas celas, essas seis celas com internos lesionados. Nós tínhamos hematomas, ou seja, machas rochas, e de pancadas. Tínhamos olho roxo, fratura em pé e vários tipos de lesões próprios de agressão.”

A promotora de Justiça Ana Gesteira disse ainda, também ao g1, que o resultado das investigações devem sair ainda esse ano e que várias pessoas foram ouvidas, dentre elas os detentos e testemunhas.

“As vítimas já foram ouvidas, as testemunhas da acusação da defesa e os acusados já foram interrogados. Agora estamos na fase que chamamos de Produção de Diligências, ou seja, vamos investigar e trazer novos elementos de provas tanto para que o juiz possa decidir para as partes que possam apresentar suas conclusões dos fatos e depois vai para sentença. Ainda esse ano vamos trazer uma resposta.”

Por g1 CE

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