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Nicarágua proíbe mais uma procissão católica

As relações entre a Igreja Católica e o governo seguem tensas desde 2018, quando os padres abriram os templos para acolher os feridos nos protestos antigovernamentais, que deixaram 355 mortos e centenas de feridos, segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH)

Ditadura nicaraguense supostamente proibiu, novamente, uma procissão católica na Nicarágua. A paróquia do Sagrado Coração de Jesus, no bairro Monseñor Lezcano, em Manágua, informou que a tradicional procissão da Imaculada Conceição de Maria não sairá às ruas este ano em dezembro, sem dar mais detalhes sobre o assunto, em meio à perseguição da ditadura contra a Igreja Católica. A informação foi passada pela ACI Prensa.

Na Nicarágua, às vésperas da Solenidade do dia 8 de dezembro, celebra-se a chamada “Gritería”, importante festa do dia 7 em que se presta homenagem à Virgem Maria com peregrinações, procissões , orações e canções. A Imaculada Conceição ou Puríssima Conceição de Maria é a Padroeira da Nicarágua. Na verdade, um dos lemas mais conhecidos deste país majoritariamente católico é o seguinte: “Quem causa tanta alegria? A Conceição de Maria!

Este ano Nossa Mãe não percorrerá os nossos diversos ‘setores’, mas com amor iremos celebrá-la dentro da nossa paróquia”, diz uma publicação da paróquia no Facebook datada de 22 de novembro. No entanto, os organizadores também convidam a vivenciar a celebração “que remonta a 50 anos em honra da Mãe de Deus”.

Um dos comentários que responde à publicação aponta: “Que pena que não deram permissão para a peregrinação, mas diante das adversidades a fé sempre sai na frente e nada, nem ninguém, pode negar que a Nicarágua pertence a Maria e a Maria da Nicarágua! Viva a Virgem!

Mas não é a primeira vez: a polícia da Nicarágua proibiu uma procissão católica na mesma capital em agosto (13) do ano passado. O governo de Daniel Ortega tem intensificado mais e mais o ataque á Igreja Católica no país. Daquela vez, a polícia citou “motivos de segurança interna” para barrar o evento.

As relações entre a Igreja Católica e o governo seguem tensas desde 2018, quando os padres abriram os templos para acolher os feridos nos protestos antigovernamentais, que deixaram 355 mortos e centenas de feridos, segundo dados da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH).

Cristofobia

Em agosto, o ditador anti-cristão dissolveu a ordem dos jesuítas na Nicarágua, despojando a Companhia de Jesus do seu estatuto jurídico e dos seus bens, segundo um decreto publicado no La Gaceta, o jornal oficial do país. De acordo com informações oficialmente divulgadas, o governo sustenta que a decisão de desmantelar a ordem jesuíta decorreu da suposta omissão das demonstrações financeiras referentes aos anos 2020-2022. Nos últimos anos, diversas organizações católicas têm enfrentado o encerramento de suas atividades, resultando na detenção ou no exílio de seus principais líderes.

Ainda em agosto (15), a ditadura lançou acusações de “terrorismo” contra a UCA em Manágua, determinando a apreensão de todos os ativos da instituição, o que, na prática, significa seu fechamento. A UCA, que figura entre as instituições universitárias mais destacadas do país, possui uma rica trajetória em defesa dos direitos humanos e de “princípios democráticos”.

Em julho (4), condenado a 26 anos de prisão por críticas ao amigo de Lula, o bispo de Matagalpa, dom Rolando Álvarez, poderia ter sido libertado e seguir para o exílio. Contudo, o bispo recusou o acordo para permanecer com seu povo. De acordo com fontes ligadas aos Direitos Humanos na Nicarágua, Álvarez foi retirado da prisão, mas isso foi desmentido pelo arcebispo de Manágua.

Em março deste ano, dois dias após o Papa Francisco classificar o regime ditatorial da Nicarágua como uma “ditadura grosseira”, o ditador Daniel Ortega decidiu suspender as relações diplomáticas do país com o Vaticano.

A declaração do Papa aconteceu dias depois que um grupo de especialista da Organização das Nações Unidas (ONU) equiparou o regime da Nicarágua ao regime nazista. De acordo com os especialistas, Ortega e seus agentes “têm cometido e continuam a cometer graves e sistemáticas violações de abusos dos direitos humanos”.

Esta semana, a polícia política do regime socialista da Nicarágua invadiu a casa das irmãs da Fraternidade dos Pobres de Jesus Cristo, em León, e prendeu quatro freiras brasileiras. As irmãs já estavam há sete anos na Nicarágua. Segundo a Fraternidade, as quatro irmãs foram deportadas para missão em El Salvador, do outro lado do Golfo da Fonseca e depois de Honduras, em segurança.

Reprodução

No mês passado, a ditadura comunista comandada Ortega, na Nicarágua, tomou posse de um colégio católico à força, e três freiras estrangeiras, da Congregação que administra o colégio, estão a ponto de serem expulsas do país.

Segundo os jornais locais e moradores, a polícia do regime ditatorial invadiu o Colégio Santa Luísa de Marillac na madrugada do dia 29 de maio. A insituição é a única escola secundária no município de San Sebastián de Yalí, no departamento de Jinotega.

Em 23 de maio, a ditadura sanguinária de Ortega prendeu o sacerdote Jaime Iván Montesinos Sauceda, da paróquia de San Juan Pablo II, em Villa Chagüitillo, município de Sébaco, na diocese de Matagalpa, um dos departamentos mais afetados pela repressão de Ortega à Igreja Católica. O fato ocorre em um contexto de perseguição e detenção de religiosos no país.

Uma semana antes, alguns dias após a Assembleia Nacional da Nicarágua anunciar a dissolução da Cruz Vermelha, a ditadura de Ortega ordenou o fechamento de duas universidades ligadas à Igreja Católica. O regime da Nicarágua acusou as duas instituições de “descumprimento” das leis. Segundo Ministério do Interior, o fechamento se deu por “dissolução voluntária”. Ao todo, Ortega fechou 17 universidades privadas nos últimos 16 meses.

Jaime Iván Montesinos Sauceda ao lado de dom Rolando José Álvarez Lagos, bispo de Matagalpa. Ambos estão presos por críticas ao regime de Daniel Ortega

Da mesma forma, o regime ordenou o encerramento das atividades da Fundação Mariana de Combate ao Câncer no país, também vinculada à Igreja Católica, “por não prestar contas de sua diretoria há mais de quatro anos e de suas demonstrações financeiras por exercícios fiscais há mais de 11 anos”.

As tensões entre a Igreja Católica e o governo aumentaram em 2018, quando vários templos católicos deram abrigo a manifestantes feridos nos protestos históricos contra Ortega. Segundo informações do Vatican News, recentemente, duas freiras costarriquenhas da Congregação Dominicana da Anunciação foram expulsas do país.

Isabel e Cecília trabalhavam em um abrigo para idosos na Fundación Colegio Susana López Carazo e foram forçadas a deixar a Nicarágua na quarta-feira, 12 de abril.

O governo comunista já havia confiscado o mosteiro das monjas trapistas em San Pedro de Lóvago, uma região montanhosa na Nicarágua central. A administração da entidade religiosa foi entregue ao Instituto Nicaraguense de Tecnologia Agrícola. As freiras trapistas já haviam abandonado o mosteiro em 24 de fevereiro. A anulação do status jurídico das Missionárias da Caridade, fundadas por Santa Madre Teresa de Calcutá, permitiu ao governo de Ortega expulsar as religiosas em julho de 2022.

Reprodução

Durante a Semana Santa, o padre Donaciano Alarcón, missionário claretiano panamenho, também foi expulso por rezar pelo bispo da Diocese de Matagalpa, dom Ronaldo Álvarez. Condenado a mais de 26 anos de prisão pela ditadura de Daniel Ortega, dom Ronaldo estava em prisão domiciliar desde 19 de agosto de 2022.

Além das expulsões e confisco de propriedades religiosas, o regime comunista impôs restrições severas às celebrações da Semana Santa. Eventos públicos tradicionais de Páscoa foram proibidos resultando no cancelamento de mais de três mil procissões em todo o país. Aproximadamente 20 cidadãos nicaraguenses foram presos durante o período.

O Monitoreo Azul y Blanco, grupo independente e interdisciplinar que monitora ocorrências de violações dos direitos humanos na Nicarágua, registrou 71 ocorrências durante a Semana Santa, entre os dias 1 e 9 de abril deste ano. Os registros incluem ameaças, coação, detenções, cercos a templos religiosos e repressão migratória.

Os cristãos da Nicarágua foram proibidos de celebrar publicamente a Semana Santa, que termina em 9 de abril. Por ordem o ditador Daniel Ortega, atividades religiosas públicas estão proibidas há meses “por razões de segurança”.

Nesta Páscoa, festas dos santos padroeiros, procissões e a Via Crucis na Sexta-feira Santa só puderam ser realizadas dentro das igrejas e em recintos especiais. Com uma população de 60% de católicos, Ortega proibiu mais de três mil celebrações de rua.

Rhuan C. Soletti·8 de Dezembro de 2023 às 15:01·

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