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Um médico, a esposa dele enfermeira, um advogado e um autônomo foram presos por tentar fraudar o Concurso Público para o cargo de Oficial Investigador de Polícia (OIP) da Polícia Civil do Ceará, realizado em Fortaleza, na tarde deste domingo (3).
Com os suspeitos foram apreendidos um ponto eletrônico com receptador, chips e aparelhos celulares.
Os presos foram identificados como:
Os quatro suspeitos se conheciam e três deles são moradores do Juazeiro do Norte. Eles foram conduzidos para a Delegacia de Defraudações e Falsificações (DDF).
Conforme a Polícia Civil, os suspeitos foram autuados por tentativa de crime contra a fé pública.
Conforme o inquérito policial, ao qual o g1 teve acesso, o primeiro a ser capturado foi o autônomo Jaime de Mendonça e Silva Neto, que estava fazendo prova na Universidade Estadual do Ceará (Uece), no Bairro Itaperi.
A polícia identificou Jaime após o Departamento de Inteligência receber uma denúncia de que ele estaria envolvido em uma possível ação para fraudar o concurso.
Após localizar a sala em que ele estava, foi solicitado que a banca examinadora retirasse o candidato da sala de aula para uma averiguação, neste momento, os fiscais perceberam que o lacre do saco disponibilizado para guardar os pertences estava violado.
Enfermeira foi flagrada com ponto eletrônico no ouvido durante realização da prova da Polícia Civil do Ceará. — Foto: Reprodução
Durante a vistoria, os policiais localizaram dois celulares na posse do candidato, abertos no WhatsApp, o que indicava que ele estivesse se comunicando com alguém.
Foram apreendidos com Jaime dois celulares, sendo um deles na versão mini, e o saco violado. Durante o depoimento, o suspeito permaneceu em silêncio.
Após a prisão de Jaime, a Polícia Civil foi chamada para verificar a conduta da enfermeira Raphaely Leandro da Fonseca, que estava fazendo prova no anexo do Instituto Federal de Educação (IFCE), no Bairro Benfica.
Na ocasião, os fiscais retiraram a candidata da sala e ela foi encaminhada ao banheiro feminino para uma revista pessoal. Durante a revista, foi encontrado um equipamento eletrônico, do tipo transmissor, em uma sacola plástica em meio a várias batatas, fora da embalagem.
Na delegacia, com o uso de uma lanterna, foi possível visualizar um ponto eletrônico no ouvido esquerdo da enfermeira. Com isso, a mulher foi encaminhada à sede da Perícia Forense (Pefoce), onde foi constatado por uma perita e o equipamento foi retirado.
No depoimento, foi perguntando se Raphaely conhecia Jaime, pois ambos eram moradores de Juazeiro do Norte, mas a mulher preferiu ficar em silêncio.
Já o advogado Cícero Leandro dos Santos Belém foi descoberto após um fiscal passar perto dele e escutar um barulho parecido com chiado enquanto ele realizada a prova no prédio da Universidade Federal do Ceará (UFC), no campus do Pici.
Diante da suspeita, os agentes comunicaram a polícia e chegaram a passar o detector de metais na fileira que o candidato estava, mas nada de anormal foi encontrado.
No entanto, depois que o advogado terminou a prova, o fiscal da sala localizou um chip quebrado jogado ao lado da cadeira dele.
A polícia foi acionada e conseguiu capturar Cícero Leandro ainda dentro do campus. No momento da abordagem, ele ainda tentou descartar em uma lixeira um papel que estava com um número de Pix anotado.
Em depoimento, Cícero relatou que pretendia enviar fotos das questões das matérias de Raciocínio Lógico, Informática e Contabilidade para uma pessoa que enviaria as respostas. Enquanto o advogado estava detido, o celular dele recebeu a ligação de dois números que não estavam registrados.
Ao ser questionado sobre o número anotado no papel encontrado com ele, o advogado disse que não conhecia. Assim também negou conhecer os outros dois candidatos presos nos outros locais de prova.
Continuando as investigações sobre as tentativas de fraude do concurso, a polícia recebeu a informação que o médico Robson Leite Sampaio, marido da enfermeira Raphaely Leandro, presa no IFCE, também estava envolvido na fraude.
A polícia identificou que Robson estava em uma caminhonete que trafegava pelas imediações dos locais de prova.
Os agentes localizaram o veículo na frente do Complexo de Delegacias Especializada (Code). No veículo, Robson estava com um médico do Ciopaer e uma advogada que é esposa desse médico. O casal não está entre os investigados.
Em depoimento, o médico negou que fizesse parte da fraude, mas informou que a esposa dele conhecia a esposa de Jaime. Porém, a polícia identificou uma ligação entre o grupo.
Segundo a polícia, Robson e a esposa Raphaely já conheciam Jaime, inclusive, os dois homens são amigos nas redes sociais.
Também foi descoberto que a chave Pix que estava no papel encontrado com o advogado Cícero Leandro pertence ao médico. Robson também era o dono do número que ligou para Cícero enquanto ele já estava preso.
A polícia solicitou à Justiça a quebra do sigilo dos aparelhos telefônicos dos investigados, para aprofundar as investigações sobre o caso.
A defesa de Robson e Raphaely emitiram uma nota sobre o caso. Confia abaixo o posicionamento na íntegra:
“Em resposta às notícias veiculadas acerca dos eventos ocorridos durante o concurso da Polícia Civil do Ceará no último domingo, 03 de agosto, a defesa do médico Dr. Robson Leite Sampaio e de sua esposa, a enfermeira Raphaely Leandro da Fonseca, vem a público esclarecer que a versão dos fatos apresentada até o momento é preliminar, incompleta e não reflete a realidade do que ocorreu.
Dr. Robson Sampaio e a Sra. Raphaely da Fonseca são profissionais respeitados em suas comunidades, pais de dois filhos pequenos, e jamais tiveram qualquer envolvimento em atividades ilícitas. As acusações que pesam contra eles são baseadas em interpretações equivocadas e em uma frágil teia de circunstâncias que a defesa demonstrará serem infundadas.
É fundamental ressaltar que, em audiência de custódia realizada em 04 de agosto, o Poder Judiciário, após analisar os elementos iniciais da investigação, determinou a imediata liberação de ambos, reconhecendo que não há fundamentos que justifiquem a manutenção de suas prisões.
Esta decisão judicial reforça a necessidade de cautela e serenidade na avaliação do caso. A defesa confia plenamente na Justiça e reitera que todos os fatos serão devidamente esclarecidos no foro apropriado, que é o processo judicial. Durante a instrução criminal, quando a defesa terá a oportunidade de apresentar provas e contestações, a verdade virá à tona e a inocência de Dr. Robson Sampaio e da Sra. Raphaely da Fonseca será comprovada.
Até lá, apelamos para que a presunção de inocência, um pilar fundamental do nosso Estado de Direito, seja integralmente respeitada.”
Por Redação g1 CE